A antropologia vem tendo um papel central no questionamento do suposto caráter objetivo e apolítico dos saberes científicos ao sublinhar o contexto sociocultural e histórico da constituição de toda teoria científica. A partir de diferentes universos de pesquisa, antropólogos têm buscado demonstrar a forma como ciência e política são compostas, justapostas e produzidas no trabalho cotidiano de agentes sociais. Na esteira do que apontou Donna Haraway (1995), destaca-se que não existiria o olhar "da ciência", mas, sim, o olhar dos cientistas - sempre localizado num espaço (que não é apenas geográfico, mas temporal, cultural, marcado por diferenças sociais, etc.). Parte-se, portanto, da premissa de que ciência e intervenções se constituem mutuamente e a partir de contextos específicos. Seguindo nessa linha, essa coletânea explora como determinados saberes são constituídos e legitimados, como tecnologias de governo entram em ação - e, através das práticas dos agentes sociais, são (re)formuladas - e a maneira como através de tais dispositivos são produzidas novas categorias de análise, marcadores sociais, populações e subjetividades (FONSECA
MACHADO, 2015)Anthropology has been playing a central role in questioning the supposed objective and apolitical character of scientific knowledge by underlining the socio-cultural context and history of the constitution of any scientific theory. From different research universes, anthropologists have sought to demonstrate how science and politics are composed, juxtaposed and produced in the daily work of social actors. In the wake of what Donna Haraway (1995) pointed out, it is there would not be the "science" look, but the look of the scientists - always located in a space (which is not only geographical, but temporal, cultural, marked by social differences, etc.). It is therefore based on the premise that science and are mutually constituted and from specific contexts. Following In this line, this collection explores how certain knowledges are constituted and legitimized, how technologies of government come into action - and, through practices of the social agents, are (re) formulated - and how through such devices new categories of analysis, social markers, populations and subjectivities (FONSECA, MACHADO, 2015)